Mariana Machado medalha de bronze nos Europeus de Corta-mato

FPA Geral Notícias

12 Dez, 2021
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Como se esperava, a prova de sub-23 femininos atingiu um elevado nível e confirmou claramente o sucesso das atletas que, à partida, eram das mais favoritas. Entre elas a portuguesa Mariana Machado, que fez uma prova fulgurante, terminando no pódio, tal como acontecera em Lisboa 2019. E, tal como no percurso lisboeta, as duas primeiras voltaram a ser a italiana Nadia Battocletti e a eslovena Klara Lukan.

A portuguesa (e as duas primeiras), andaram sempre no grupo da frente, com a bracarense a estar um pouco mais para trás e a ver a surpreendente francesa Mannon Trapp a surgir na luta pelas medalhas, uma tendência que parecia mais clara na última volta. Contudo, os últimos metros da italiana foram fortes e cortou a meta isolada (20m32s), quatro segundos antes da eslovena Lukan (20.36) e da portuguesa (com o mesmo tempo), que, entretanto, ultrapassara a francesa e confirmava o seu terceiro lugar. Ainda longe destes ritmos, Lia Lemos, a outra representante portuguesa, terminava na 24ª posição (21.45).

Claramente feliz, Mariana Machado mostrou como tinha encarado a prova, onde “tinha adversárias de nível internacional, mais de seis delas foram aos Jogos Olímpicos. Foi uma prova muito desafiante, mas que já esperava e para a qual sabia que treinei à altura para estar aqui a lutar para ganhar uma medalha, que é sempre o espírito com que eu encaro a competição. E foi assim mesmo que encarei esta, sempre a pensar na medalha”.

As coisas pareceram tremidas na última volta, “que foi um bocadinho dura e por momentos pensei que me estava a fugir o sonho, mas nos últimos 400 metros, quando me consegui aproximar das duas primeiras, passando para o terceiro lugar, tudo pareceu mais real”. Nos últimos metros Mariana lutou pelo título de vice-campeã, “pensei mesmo que iria conseguir, mas nos últimos 50 metros senti as pernas a falhar e a eslovena mostrou ter mais força e ultrapassou-me mesmo sobre a meta”, disse a atleta, reforçando “que estamos a falar de uma atleta olímpica, de grande nível. Somos adversárias e amigas”.

“Mas estou muito feliz, por ter conseguido a minha terceira medalha internacional, duas de bronze, uma de prata, depois de vários quartos lugares. Falta-me o ouro e não vou desistir de alcançar esse objetivo”, afirmou a atleta.

Nos momentos finais, o esgar de esforço de Mariana era visível, mas foi recompensado com o seu sorriso de orelha a orelha final. A estudante de medicina sorriu bastante “pois foi o alívio de situação cumprida. Foram semanas muito intensas de treino, conseguindo conciliar isso com um estágio no hospital. Entrava à 9 horas e tinha que me levantar cerca das 6 horas da manhã, para cumprir o primeiro treino. O segundo treino era no final do dia, com horários extremamente exigentes, mas eu só pensava neste campeonato, no objetivo que tinha traçado para a competição. Por isso, não posso estar mais feliz, por ver todo o meu trabalho recompensado!”.

Resta apenas referir que a Itália venceu coletivamente a prova (com 18 pontos), à frente da França (25) e da Grã-Bretanha (37).

As corridas sub-20

Em masculinos, com equipa completa, Portugal terminou em sétimo lugar, melhorando a prestação de há dois anos, em Lisboa (13º), com Duarte Gomes, campeão nacional, a ser o melhor dos portugueses com um bom 15º lugar, cortando a meta com 25m10s, confirmando estar num bom momento de forma. O segundo português foi Etson Barros, em 38º lugar, com 25.45 (perdeu 35 segundos para o compatriota, melhorando claramente em relação ao nacional, onde foi terceiro e perdera 54 segundos), enquanto Alexandre Figueiredo (vice-campeão nacional) fechou a equipa no 43º lugar (25.50). Quanto aos restantes portugueses, Ruben Amaral foi 56º, com 26.15, Miguel Moreira foi 60º, com 26.29, enquanto Isaac Nader não completou a prova.

O vencedor foi o britânico Charles Hicks (24.29), à frente de Darragh McElhinney, da Irlanda (24.33) e de Ruben Querujean, do Luxemburgo (24.36).

Nas provas destinadas aos sub-20, melhor classificação coletiva em masculinos, com o 10º lugar coletivo (123 pontos), atrás da Grã-Bretanha (34), Irlanda (35) e Israel (37). Individualmente, os gémeos Amaro confirmaram a sua superioridade nacional, voltando a ser os melhores, desta vez com o Pedro (28º, 18m58s) a chegar quatro lugares à frente do João (32º, 19.01), enquanto Duarte Santos fechou a classificação coletiva (63º, 19.38), diante de Jacinto Gaspar (72º, 19.52).

O vencedor, isolado, foi o jovem (17 anos) dinamarquês Axel Vang Christensen (17.53), com Abdullahi Dahir Rabi, da Noruega, em segundo (18.18) e Joel Ibler Lilleso, da Dinamarca (18.21).

Na competição feminina, a equipa portuguesa terminou em 16º lugar (185 pontos), numa classificação totalmente dominada pela Alemanha, que somou 15 pontos, superiorizando-se à Espanha (27) e à Grã-Bretanha (32). Individualmente, as portuguesas, entre si, terminaram nas posições que já tinham mostrado nos campeonatos nacionais, com Rita Figueiredo a ser, claramente, a melhor terminando em 46º lugar (14m28s), com a sub18 Beatriz Fernandes a ser a segunda (61ª, 14.39). Fechou a classificação Camila Gomes, no 79º lugar, com 14.54, enquanto Ana Silva foi 90ª classificada com 15.26.

O pódio individual deixou Megan Keith, da Grã-Bretanha, na primeira posição, com 13.41, seguida da norueguesa Ingeber Ostegard (13.44) e da alemã Emma Heckel (13.46).

Seniores portugueses em nono

A representação portuguesa terminou com a prova de seniores masculinos, com a equipa nacional a fechar coletivamente no nono lugar, com um total de 114 pontos. Aqui, o pódio pertenceu à surpreendente França, que somou apenas 13 pontos, relegando a Espanha para a segunda posição (30), com a Noruega a ser terceira classificada (47).

Em termos individuais, o pódio sénior ficou completo com os campeões dos três diferentes escalões em Lisboa 2019! Algo inédito. De facto, o jovem (21 anos) norueguês Jakob Ingebrigtsen (campeão sub-20 nas últimas quatro edições) confirmou todo o seu favoritismo, vencendo categoricamente (em 30m15s), libertando-se dos adversários na última volta, especialmente do turco Aras Kaya (vencedor sénior em Lisboa), que impôs um ritmo forte, mas apenas foi segundo (30.29), a 14 segundos do vencedor, enquanto o campeão sub-23 em Lisboa, o francês Jimmy Gressier, subiu ao terceiro lugar do pódio, cortando a meta em 30.34.

Quanto aos portugueses, que a partir da terceira volta, correram em bloco, o melhor acabou por ser o vice-campeão Miguel Marques, que terminou no 34º lugar (31m44s), à frente do campeão Samuel Barata (37º, 32.01) e de Rui Teixeira (43º, com 32.13). André Pereira terminou na 62ª posição, com 33.13.

Texto: António Fernandes (com António Carvalho, reportagem); fotos Sergio Mateo / FPA

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